A empresa tem muito poder de ganho em publicidade, mas seu conceito metaverso não é uma aposta certa.
O que está em um nome? Para Meta Platforms Inc. (ticker: FB), a antiga Facebook Inc., é o futuro.
O nome Facebook tem sido uma grande parte da evolução das mídias sociais que moldaram a sociedade e a democracia. Agora, a empresa, que anunciou a mudança do nome em outubro e começará a negociar sob o novo símbolo MVRS no início de 2022, está atrelada à próxima geração da internet e da interação social digital: o metaverso.
Como o próximo grande passo na forma como os seres humanos interagem entre si digitalmente, o imaginado mundo imersivo gerado por computador em 3D dependerá da realidade virtual e da tecnologia de realidade aumentada, oferecendo à Meta uma nova oportunidade de crescimento além da receita publicitária da qual ela tanto depende agora.
Mas, junto com qualquer oportunidade, há riscos envolvidos. Será que o metaverso se tornará tão onipresente quanto a mídia social tradicional é hoje? Enquanto isso, à medida que o metaverso se desenvolve, o que dizer dos riscos aqui e agora para a Meta decorrentes do aumento da concorrência, das questões de privacidade e das perguntas sobre seus impactos na sociedade?
Antes de aprofundar essas questões para tentar descobrir se a Meta é uma boa oportunidade de investimento, vale a pena lembrar como a empresa chegou ao ponto em que se encontra. Afinal de contas, se o CEO Mark Zuckerberg se revelar tão visionário sobre o metaverso quanto era sobre a ascensão da mídia social tradicional, isso poderia manter sua empresa no modo de crescimento por anos futuros.
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Meta Stock em um relance
A história do Facebook já é uma história familiar: Como um brilhante jovem estudante de Harvard, Zuckerberg criou um site em seu dormitório em fevereiro de 2004 e permitiu apenas o acesso de estudantes da Ivy League. A partir daí, ele viu sua criação explodir em popularidade. Em 2007, o Facebook obteve uma valorização de US$ 15 bilhões; e em 2010, valeu US$ 41 bilhões. Quando a empresa abriu seu capital em maio de 2012, a $38 por ação, valia uns impressionantes $104 bilhões de dólares.
A empresa tinha mais de 1 bilhão de usuários ativos mensais até dezembro de 2012. Ainda mais importante, o Facebook adquiriu a Instagram por US$ 1 bilhão em agosto de 2012, que na época tinha um pouco mais de 100 milhões de usuários registrados. Hoje a plataforma tem mais de 1 bilhão e conta com mais de 1 bilhão. O foco da Instagram em fotografias e usuários móveis não só se mostrou presciente, mas também se emparelhou bem com a crescente base móvel do Facebook: No terceiro trimestre de 2019, o último período para o qual a empresa divulgou tais dados, 94% da receita publicitária do Facebook veio de usuários móveis.
Encontrar empresas com serviços que complementem seus próprios serviços foi uma estratégia eficaz para o Facebook. Após sua compra da Instagram, a FB adquiriu a WhatsApp em 2014 por US$ 19 bilhões. Naquela época, a WhatsApp era uma das empresas que mais cresciam no mundo, e o Facebook estava feliz não só em ganhar um novo serviço incrivelmente popular, mas também em remover a WhatsApp como concorrente do Facebook Messenger.
Isto, também, provaria ser uma jogada astuta para o Facebook e sua família de aplicativos. De acordo com a App Annie, os quatro aplicativos mais baixados no mundo de 2010 a 2019 foram o Facebook, Facebook Messenger, WhatsApp e Instagram, nessa ordem.
Durante a pandemia, as pessoas passaram mais tempo na Internet, e o Facebook foi um dos principais beneficiários. Em seu mais recente registro trimestral no mês passado – seu último sob o nome Facebook – a empresa disse que sua receita subiu 35% ano após ano para mais de US$ 29 bilhões, enquanto seu lucro líquido cresceu 17% para quase US$ 9,2 bilhões.
Ela também anunciou uma nova estrutura de relatórios financeiros com dois segmentos que aparecerão em seu relatório do quarto trimestre. Um é a “Família de aplicativos”, que inclui Facebook, Instagram, Messenger e WhatsApp. O outro é o “Facebook Reality Labs”, que inclui hardware, software e conteúdo de realidade virtual e aumentada.
É essa última parte que a Meta espera que seja seu motor de crescimento da próxima geração. No terceiro trimestre, a receita em seu segmento “Outros”, que inclui as vendas de seus fones de ouvido de realidade virtual Oculus, aumentou 195% em relação ao ano anterior. Mas ele representou apenas menos de 3% da receita total do Facebook, que é dominada pela publicidade.
Vantagens da compra de Meta Stock
Se você é um investidor de longo prazo que acredita que o metaverso é realmente a próxima onda da mídia social, Meta está incrivelmente bem posicionada para essa oportunidade de crescimento.
Com quase 3 bilhões de usuários mensais ativos, a Meta já é a maior empresa de mídia social tradicional do mundo. Ela também tem uma posição de liderança no mercado de hardware de realidade virtual com seus fones de ouvido Oculus e disse que planeja gastar cerca de US$ 10 bilhões em realidade aumentada e virtual somente este ano.
“A Meta está gastando mais em seu metaverso do que a maioria dos startups espera gerar em receita, e eles já têm 37% da população mundial acessando seu site existente a cada mês”, diz Scott Turman, CEO da Editora BrightRay. “Zuckerberg tem um enorme avanço em todos os sentidos imagináveis”.
A fundação comunitária que a empresa construiu através do Facebook, Instagram e WhatsApp irá servi-la bem em meio à futura adoção de seu metaverso, diz Michael Sikorsky, presidente da Copia Wealth Studios.
“O metaverso é um tema cada vez mais quente, e há pessoas inteligentes que dizem que é o estado futuro das interações sociais”, diz ele. “A Meta está fazendo uma grande mudança na empresa e, ao comprá-la, você está obtendo alguma exposição a esta próxima tendência técnica”.
Will Reese, chefe de pesquisa de equidade do Banco UMB, observa que o metaverso da Meta não será construído em um dia. “Embora o metaverso leve tempo para se formar, ele permite que a empresa ultrapasse sua dependência da receita publicitária on-line”, diz ele.
Contras de compra de Meta Stock
Embora haja potencial de crescimento no metaverso a longo prazo, a Meta está tendo que enfrentar ventos de proa substanciais neste momento.
Uma mudança recente no sistema operacional móvel da Apple Inc. (AAPL) permite que os usuários optem por não ser rastreados em toda a sua atividade na Internet, e isso tem sido um prejuízo para os negócios de publicidade do Facebook.
“No geral, se não fossem as mudanças do iOS 14 da Apple, teríamos visto um crescimento positivo da receita trimestral”, disse o chefe de operações do Facebook, Sheryl Sandberg, em uma teleconferência acompanhando os resultados trimestrais da empresa antes do anúncio do Meta.
Em vez disso, a receita do Facebook ficou em US$ 67 milhões abaixo da do trimestre anterior, e Sam Boughedda, negociador de ações da AskTraders, diz que a questão do iOS “poderia continuar a pesar na receita publicitária da empresa por algum tempo”.
As mudanças no sistema operacional da Apple não são a única forma do fabricante do iPhone estar ameaçando a Meta. Seu iMessage está se tornando mais popular, tornando-o um concorrente mais formidável ao Facebook Messenger e ao WhatsApp.
A TikTok também tem se esforçado para atingir o Meta, com Zuckerberg na teleconferência referindo-se ao aplicativo de compartilhamento de vídeo como “um dos concorrentes mais eficazes que já enfrentamos”.
Além da concorrência, o Facebook também enfrentou uma série de escândalos, com as últimas acusações envolvendo acusações de que sabia dos riscos de saúde mental apresentados pela Instagram, mas colocando os lucros em primeiro lugar.
“Boas críticas nos ajudam a melhorar, mas minha opinião é que o que estamos vendo é um esforço coordenado para usar seletivamente documentos vazados para pintar um quadro falso de nossa empresa”, disse Zuckerberg. “A realidade é que temos uma cultura aberta onde encorajamos a discussão e a pesquisa sobre nosso trabalho para que possamos progredir em muitas questões complexas que não são específicas apenas para nós”.
Como Meta gasta agressivamente no metaverso nos próximos anos, “isto é numa época em que o crescimento de suas receitas e margens já estão em risco devido a mudanças no iOS, denúncias de denúncia e uma base de usuários envelhecida”, diz Reese. “Os aplicativos da FB estão enfrentando uma desaceleração no engajamento de jovens demográficos, o mercado publicitário mais lucrativo da empresa”.
E o próprio metaverso, o gambit em que se baseia grande parte do crescimento futuro da empresa, está longe de ser uma aposta certa. Sim, parece que a realidade virtual se tornará mais uma parte da vida cotidiana, mas e se ela permanecer no reino do entretenimento e não se tornar tão ampla quanto a Meta espera?
Além disso, haverá muitos concorrentes metaversos, e Sikorsky diz que aqueles com mais experiência na fabricação de hardware, como a Apple, terão uma perna levantada.
“Embora o Facebook precise de algo para evitar a mudança de ‘maturidade’ para ‘declínio’ em seu gráfico do ciclo de vida comercial, a meta pode não ser suficiente”, diz Kunal Sawhney, CEO do Grupo Kalkine.
Você deve comprar Meta Stock?
Em certo momento, possuir ações do Facebook foi uma atitude sem certezas para os investidores em busca de crescimento. Estava ganhando toneladas de dinheiro. Tinha também uma enorme parcela de jovens usuários cobiçados, aos quais os anunciantes queriam exposição.
Em grande medida, essas coisas ainda são verdadeiras. Mas agora a empresa está carregada de riscos para sua licença social para fazer negócios, e sua base de usuários está ficando mais velha. Está enfrentando mais concorrência, e seu plano de crescimento futuro está na crença de que a realidade virtual permeará nosso trabalho, entretenimento e interações sociais.
Para os investidores que procuram apostar no conceito metaverso, Meta é uma das principais ações para jogar essa idéia, desde que você seja paciente. Para outros investidores, Meta ainda pode ser uma boa ação para comprar – desde que você modere suas expectativas de crescimento.
