Em uma conversa recente com o Livecoins, Rodrigoh Henriques, o Diretor de Inovação e Estratégia da FENASBAC (Federação Nacional das Associações dos Servidores do Banco Central), comentou sobre os rumores a respeito do suposto fim do projeto Drex. A discussão deixou claro que, embora a plataforma de testes esteja sendo desativada, o projeto em si continua ativo.
Henriques destacou: “É crucial ressaltar que o Drex não acabou. O Banco Central decidiu desligar partes da plataforma utilizada para os testes do projeto piloto.
O foco do Drex é aprimorar o registro e o compartilhamento de gravames, melhorando o sistema de crédito com esse tipo de garantia”. Essa afirmação contradiz as especulações de que o projeto digital estaria sendo encerrado.
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O futuro do Drex e a questão da privacidade
Durante a entrevista, Henriques também abordou um dos desafios centrais no desenvolvimento do Drex: a privacidade. Ele observou que a questão do sigilo bancário e da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) é fundamental na criação de novos serviços e tecnologias. “A Blockchain surgiu para tratar a privacidade de maneira inovadora, oferecendo anonimato nas transações, mas revelando todo o histórico transacional na rede”, explicou.
Henriques ressaltou que a maioria dos países não pode aceitar um sistema de total anonimato, pois é essencial garantir que as transações financeiras não sejam utilizadas para atividades ilícitas, como a lavagem de dinheiro. Nos últimos anos, o setor financeiro tem buscado adaptar ou criar redes em blockchain que reconheçam o usuário, conforme as diretrizes de KYC (Know Your Customer), sem expor completamente suas transações.
Desenvolvimentos e inovações no setor
O diretor da Fenasbac acredita que o mercado está preparado para lidar com a complexidade da questão da privacidade. Apesar dos desafios significativos, várias instituições financeiras estão não apenas continuando a desenvolver redes baseadas em DLT (Distributed Ledger Technology), mas também ampliando seus investimentos na área de Digital Assets.
Uma notícia positiva mencionada por Henriques foi a criação de um projeto piloto de tokenização pela Anbima, que ajudará a organizar os esforços de mercado e atenderá à demanda por ativos tokenizados no setor de capitais, como Debêntures e Fundos de Investimento.
Benefícios dos testes e a continuidade do projeto
Refletindo sobre os testes realizados, Henriques afirmou: “Os testes foram extremamente valiosos. Um dos principais benefícios de projetos-piloto, como o Drex, é que todas as empresas participantes se beneficiam, mesmo que o desafio de inovação não tenha sido totalmente resolvido”. Essa troca de conhecimento sobre as limitações da tecnologia representa um ganho significativo tanto para os reguladores quanto para as instituições financeiras.
Adicionalmente, o Banco Central reafirmou sua posição neutra em relação ao tipo de tecnologia a ser utilizada, abrindo portas para a exploração de soluções que não sejam exclusivamente baseadas em DLT. “É mais sobre o design inicial das redes blockchain do que um erro. As redes não foram criadas com uma ideia de governança centralizada ou de privacidade”, comentou Henriques.
Perspectivas para o mercado financeiro
Henriques expressou otimismo com as oportunidades no mercado financeiro atualmente. O Banco Central continua comprometido com a tecnologia DLT e, especialmente, com a blockchain. A maioria dos projetos aceitos no laboratório de inovação do BC, coordenado pela Fenasbac, utiliza essa tecnologia para oferecer soluções inovadoras ao Sistema Financeiro Nacional (SFN).
O novo laboratório de inovação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), chamado LEAP, também apresenta vários projetos que incorporam essa tecnologia. O setor financeiro reconheceu o potencial da blockchain não apenas para novos produtos e serviços, mas também como infraestrutura para serviços tradicionais. A tokenização de produtos financeiros, como ações e debêntures, está se tornando uma grande aposta para o mercado.
