A XP Investimentos, uma das principais instituições financeiras do Brasil, anunciou uma mudança significativa em sua abordagem em relação aos assessores e consultores de investimento. Até então, a empresa permitia que seus gerentes operassem com certa liberdade. No entanto, agora, a XP decidiu implementar controles mais rigorosos.
Gustavo Pires, sócio e diretor da XP, ressaltou que, embora o princípio da liberdade ainda permaneça, é essencial que os assessores sigam determinadas métricas de desempenho.
Novas métricas de monitoramento
Recentemente, a XP implementou três indicadores principais para avaliar a atuação de seus assessores. Esses indicadores incluem a conformidade com os portfólios de investimento recomendados, o nível de interação com os clientes e o modelo de remuneração utilizado. Segundo Pires, a empresa busca garantir que os modelos de cobrança—seja fee fixo ou transacional—sejam adequados a cada perfil de cliente.
Modelos de Cobrança em Foco
No modelo de fee fixo, o assessor recebe uma quantia previamente definida pelo serviço prestado e repassa ao cliente os rebates oriundos da distribuição de produtos. Em contraste, no modelo transacional, a remuneração é baseada exclusivamente nos rebates, o que se torna mais vantajoso para investidores que realizam poucas movimentações em suas carteiras. Atualmente, aproximadamente 21% dos investimentos da XP estão sob o modelo de fee fixo. A expectativa é que esse percentual ultrapasse os 50% em um futuro próximo, alinhando-se às práticas do mercado americano.
Monitoramento e Consequências
A XP realiza um acompanhamento mensal dos assessores, avaliando se estes atendem aos critérios estabelecidos. Quando um assessor não se enquadra nos parâmetros, ele é notificado e deve apresentar justificativas. Caso a situação não seja corrigida, o profissional pode enfrentar penalizações, que incluem multas ou até mesmo a desvinculação da empresa. Segundo Guilherme Sant’Anna, outro diretor da XP, a preocupação com a qualidade das carteiras de investimentos é essencial. Ele destaca que o simples bom senso não é suficiente para garantir que os investimentos estejam alinhados às necessidades e perfis dos clientes.
Desafios e Críticas Enfrentadas
A XP tem enfrentado desafios significativos, especialmente devido a processos judiciais e críticas de clientes. Muitos alegam ter sofrido perdas por não serem devidamente informados sobre os riscos associados a determinados investimentos, como o polêmico COE da Ambipar. Essa situação forçou a empresa a reavaliar suas estratégias de alocação. A XP decidiu unificar suas carteiras recomendadas, abrangendo tanto clientes de alta renda quanto do varejo, sob a supervisão do CIO Artur Wichmann.
Estratégia de Alocação e Regulamentação
A nova estrutura de portfólios criada por Wichmann e sua equipe apresenta três carteiras principais, cada uma com percentuais específicos de alocação em diferentes classes de ativos. Essa divisão é feita respeitando o perfil de risco de cada cliente. Por exemplo, um investidor com perfil conservador não deve ser exposto a investimentos alternativos, como fundos de private equity ou venture capital.
Em uma coletiva de imprensa recente, os executivos também discutiram a distribuição de CDBs do Banco Master. Pires destacou que a suspensão da venda desses títulos só seria considerada caso existissem evidências concretas que justificassem essa decisão. Ele reforçou a necessidade de uma análise técnica robusta por parte da XP para evitar medidas que possam impactar a reputação da instituição no mercado.
Ademais, Pires abordou a importância de uma maior transparência por parte do Banco Central em relação aos desafios enfrentados pelas instituições financeiras. Segundo ele, é essencial que haja alterações no Fundo Garantidor de Créditos (FGC) para que a regulamentação se adapte às novas dinâmicas do mercado financeiro.
Por fim, Wichmann destacou que o FGC foi criado para proporcionar estabilidade ao sistema financeiro, de maneira semelhante ao que ocorre com o FDIC nos Estados Unidos. Ele enfatizou que a revisão deste fundo é crucial para assegurar que continue a desempenhar essa função de forma eficaz no contexto atual.
