No universo dos fundos imobiliários, a confiança se destaca como um dos pilares essenciais que sustentam a relação entre gestores e investidores. Nos últimos anos, essa confiança tornou-se um ativo tão valioso quanto o patrimônio investido. Os investidores estão mais atentos do que nunca à forma como as gestoras conduzem seus negócios, priorizando aquelas que oferecem transparência, comunicação clara e, especialmente, um alinhamento de interesses.
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Gestão pró-cotista: um valor cultural
Durante sua participação recente no programa Liga de FIIs, Lucas Araújo, sócio e gestor da AF Invest Real Estate, ressaltou que a filosofia de gestão pró-cotista vai além de ações isoladas. Para ele, essa abordagem deve se transformar em uma cultura enraizada dentro da gestora. Como isso pode impactar a confiança dos investidores e a performance dos fundos?
Práticas que comprovam a filosofia
“A gestão pró-cotista é um conjunto de atitudes que se desenvolve ao longo do tempo. Ela deve ser evidenciada por ações concretas, não apenas por palavras. Essa mentalidade se reflete diariamente nas decisões tomadas e, consequentemente, nos resultados obtidos pelos investidores”, destaca Araújo.
Um exemplo prático dessa filosofia é a decisão da AF Invest de cobrir integralmente os custos de distribuição durante as emissões de cotas. Além disso, a gestora comprometeu-se a evitar emissões abaixo do valor patrimonial, retirando também a taxa de performance do fundo AFHI11, que é voltado para Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs).
O Debate sobre Taxas e Emissões
Marcos Baroni, responsável pelos fundos imobiliários na Suno Research, destaca a importância de um debate mais amplo sobre o que caracteriza uma gestão realmente focada nos cotistas. Ele afirma que “nem todas as decisões sobre emissões ou taxas são prejudiciais por natureza”. É essencial analisar o contexto e avaliar se essas ações realmente trazem valor a longo prazo para o investidor.
Princípios Orientadores
Araújo compartilha uma visão importante: não há regras universais aplicáveis a todas as situações. “Devemos sempre considerar princípios que orientem nossas decisões e nos perguntar: isso agrega ou retira valor do investidor?”, explica.
Ele também destaca que, embora o AFHI tenha sido lançado inicialmente com uma taxa de performance, a escolha de eliminá-la se baseou em melhores práticas do mercado e na própria natureza do fundo. Por outro lado, o novo fundo da gestora, o AFHF11, foi criado com essa taxa, pois seu modelo é mais dinâmico e oportuno, justificando essa abordagem.
A visão do gestor e o comportamento do mercado
Ao analisar o comportamento do mercado, Araújo propõe uma reflexão sobre a interpretação das decisões de gestão. “Muitas vezes, os investidores rotulam as ações como certas ou erradas, sem considerar a complexidade de cada situação. Não faz sentido pensar que um profissional se dedica a prejudicar o valor do seu negócio ou dos seus clientes”, argumenta.
Essa perspectiva ressalta a importância de um diálogo aberto e construtivo entre gestores e investidores. Essa comunicação permite que ambos compreendam as nuances das decisões tomadas e o impacto que elas têm sobre o desempenho dos fundos. Ao priorizar a transparência e o alinhamento de interesses, o mercado de fundos imobiliários pode prosperar e a confiança dos investidores se fortalecer.