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Stuhlberger prevê uma queda acentuada no valor do dólar

Em um evento recente realizado pelo Itaú BBA em São Paulo, Luis Stuhlberger, renomado chefe da Verde Asset, compartilhou suas previsões sobre o dólar americano. Segundo Stuhlberger, a moeda deve passar por uma depreciação significativa nos próximos anos, influenciada principalmente pela expectativa de queda nas taxas de juros nos Estados Unidos e por uma mudança global em direção a ativos reais.

Trajetória do dólar e tendências do mercado global

Stuhlberger destacou que, dentro de um ou dois anos, as taxas de juros do Federal Reserve podem se estabilizar em torno de 2,5%. Ele sugeriu que esse cenário desencadearia um movimento forte de saída do dólar, resultando em uma maior desvalorização da moeda. Ele enfatizou: “Se essa mudança não ocorrer antes, a transição será drástica e agravará a queda do dólar.”

Percepções do mercado e implicações políticas futuras

Apesar das crescentes tensões no cenário financeiro, Stuhlberger destacou que os mercados atualmente veem a possível continuidade do governo do presidente Lula em 2026 como um resultado relativamente previsível. Ele observou que o dólar apresentou uma queda de aproximadamente 10% em 2025, embora ainda se mantenha acima de sua média histórica. Stuhlberger afirmou: “Atualmente, o índice do dólar está cerca de 10% a 15% acima de sua média de longo prazo. Uma nova queda de 10% não o colocaria longe do seu valor médio.”

Reorientação de investimentos para ativos reais

No análise de Stuhlberger, ele destacou a falta de alternativas claras ao dólar e observou que uma migração significativa em direção a ativos reais já está em curso. “Estamos no meio de uma tendência poderosa que favorece investimentos em ativos tangíveis, em vez de moedas fiduciárias”, afirmou. Entre os exemplos citados estão o ouro, o Bitcoin, a prata, o cobre, o urânio e as ações de infraestrutura.

Desafios do investimento tardio em ativos reais

No entanto, é importante que os investidores estejam cientes dos riscos de entrar nesse mercado de forma tardia. “Adquirir ouro a $10.000 ou Bitcoin a $500.000 é problemático se o seu objetivo é sair do dólar. Na prática, você pode acabar pagando excessivamente por ativos que estão significativamente inflacionados, o que pode resultar em uma perda autoimposta,” explicou. Ele enfatizou ainda que o momento dessa mudança continua incerto, deixando os investidores em uma posição precária.

Declínio gradual do dólar: Perspectivas de Rodrigo Azevedo

Ao lado de Stuhlberger no painel, Rodrigo Azevedo, sócio da Ibiuna Investimentos, compartilhou a opinião sobre a possível fraqueza do dólar. Ele esclareceu que esse processo deverá ocorrer de forma gradual e está intimamente ligado à realocação global de capital. “No curto prazo, acredito que o dólar continuará a se desvalorizar,” afirmou Azevedo.

O especialista destacou que, após anos de desempenho superior da economia dos EUA, é provável que os investidores estejam ‘excessivamente expostos’ a ativos norte-americanos à medida que se aproximam de 2025. “Com a média das economias globais fortemente investidas nos Estados Unidos, apenas ajustar essa alocação para uma posição mais neutra contribuirá naturalmente para a desvalorização do dólar”, observou.

Impactos potenciais dos avanços tecnológicos

No entanto, Azevedo ressaltou que o surgimento da inteligência artificial e os ganhos de produtividade associados podem alterar significativamente essa narrativa. “Se os Estados Unidos, que estão na vanguarda da pesquisa em IA, experimentarem aumentos notáveis na produtividade, isso pode contrariar a tendência de desvalorização ou até apoiar um dólar mais forte. Contudo, avaliar esse impacto neste momento é extremamente desafiador,” concluiu.