O Brasil se encontra em uma encruzilhada que pode influenciar significativamente seu futuro econômico. Segundo André Lion, sócio e CIO da Ibiúna, as eleições presidenciais de 2026 serão cruciais para a segurança dos investidores e a evolução das taxas de juros no país.
Lion alerta que o aumento da dívida pública em relação ao PIB é preocupante e, sem mudanças na trajetória econômica, as taxas de juros devem subir. Ele defende que a alternância de poder é essencial para promover os ajustes fiscais necessários.
A importância da alternância de poder
Para Lion, a continuidade de um mesmo governo pode levar à estagnação econômica. Ele expressa dúvidas sobre a capacidade do presidente Lula, se reeleito, de implementar as mudanças necessárias para a correção fiscal. “É improvável que um governo que já está no poder por tanto tempo tome decisões drásticas que impactem a economia positivamente”, afirma.
O gestor acredita que o único caminho viável para a redução das taxas de juros estruturais é por meio de um resultado fiscal positivo e de investimentos bem direcionados. “Não há soluções mágicas”, observa. “Precisamos de responsabilidade fiscal e previsibilidade.”
O cenário internacional e suas influências
No podcast Stock Pickers, Lion comentou sobre o mercado de ações brasileiro. Ele mencionou que o atual cenário de estagnação lembra períodos anteriores de dificuldades econômicas. No entanto, o panorama internacional pode atuar como um catalisador para a recuperação gradual do mercado. A recente alta da Bolsa, que subiu de 120 mil para 145 mil pontos, reflete, em grande parte, os acontecimentos no exterior.
Lion observou que, desde a crise de 2008, os Estados Unidos desfrutaram de um ciclo prolongado de juros baixos e crescimento robusto, resultando em um fluxo significativo de capitais. Com o Federal Reserve (FED) começando a reduzir as taxas, parte desse capital está se deslocando para mercados emergentes, incluindo o Brasil.
O otimismo cauteloso dos investidores
O mercado financeiro observa com cautela as mudanças nas expectativas sobre as negociações entre Brasil e Estados Unidos. Essa nova dinâmica pode ser uma oportunidade para o Brasil recuperar sua força econômica. Lion acredita que a movimentação do DXY, que caiu quase 10% no primeiro semestre, indica uma reavaliação global sobre as alocações de capital, favorecendo países emergentes.
Ele também comentou que o índice EWZ, representando o mercado brasileiro em dólar, está próximo de seu menor nível histórico em relação ao EMXC, que inclui outros mercados emergentes fora da China. “Não foi o Brasil que se destacou, mas sim um movimento global que nos trouxe junto”, conclui Lion.
Perspectivas para o futuro
Com a incerteza política e econômica no Brasil, analistas do Citi decidiram reduzir o risco em suas carteiras de ações. A volatilidade dos mercados externos e as fraudes reveladas em bancos americanos regionais têm afetado as expectativas dos investidores. Neste cenário, é essencial que os gestores considerem cuidadosamente suas estratégias de investimento.
Lion, com sua longa trajetória em renda variável, sugere que os investidores fiquem atentos às oportunidades que surgirem, especialmente em um ambiente de correções de mercado. A recuperação da Bolsa de Valores sinaliza que, apesar dos desafios atuais, a resiliência do mercado pode abrir espaço para um futuro mais promissor.
