A Petrobras, uma das principais empresas do setor energético, está prestes a divulgar seu plano de negócios para o período de 2026 a 2030. Com uma meta ambiciosa de reduzir custos em até US$ 8 bilhões ao longo de cinco anos, a companhia propõe revisar seus projetos de construção de plataformas. Essa iniciativa promete impactar significativamente sua estratégia financeira e operacional. Neste artigo, exploraremos as implicações dessa proposta e o que ela significa para o futuro da Petrobras.
Estratégia de redução de custos e neutralidade da dívida
Nesse contexto, a Petrobras busca alcançar a “neutralidade da dívida” até 2026. Isso significa financiar integralmente seus investimentos e dividendos sem aumentar sua dívida bruta. Segundo análise do Itaú BBA, essa estratégia exigirá uma redução significativa nos investimentos programados para 2026. Atualmente, a previsão de capex (investimentos em capital) da empresa é de US$ 19,6 bilhões, dos quais aproximadamente 81% já está sancionado e, portanto, não pode ser alterado. O foco deve estar na otimização dos US$ 3,7 bilhões em projetos que ainda não foram aprovados.
Os principais projetos pendentes incluem iniciativas nos segmentos de upstream e downstream, como os projetos SEAP 1 e 2, revitalizações na Bacia de Campos, além da UFN-III e o Complexo Boaventura. A análise sugere que, se a Petrobras adiar alguns desses projetos, poderá reduzir o capex de 2026 em até US$ 3 bilhões, o que facilitaria o cumprimento de suas metas financeiras.
Impactos das decisões de investimento
A Genial Investimentos destaca que o verdadeiro valor a ser desbloqueado pela Petrobras não se limita apenas à redução de custos ou à venda de ativos. Essas medidas visam também diminuir a percepção de risco associada à empresa, promovendo uma disciplina de capital que sinaliza maior eficiência operacional. A companhia está se concentrando no segmento de exploração e produção de petróleo, que oferece maior retorno, enquanto adia investimentos em energias renováveis para além de 2035.
Essas decisões podem levar a uma reprecificação das ações da Petrobras, especialmente se as medidas anunciadas forem efetivamente implementadas. A Genial acredita que isso poderá resultar em uma diminuição do desconto que a empresa apresenta em relação a seus pares internacionais, potencialmente gerando valorização no médio prazo. Contudo, o cenário político e a proximidade das eleições presidenciais em 2026 trazem incertezas que podem afetar a implementação do planejamento estratégico da companhia.
Análise de mercado e recomendações
Os analistas do BBI observam que a maior parte dos cortes de investimento deve ocorrer em projetos de longo prazo, o que poderia ser bem recebido pelo mercado. No entanto, a continuidade dessa política de dividendos dependerá não apenas dos preços do petróleo, mas também da eficiência na implementação de investimentos e da reorganização do portfólio. Atualmente, a Petrobras negocia a um valor de firma EV/EBITDA de 2,8 vezes, apresentando um rendimento de dividendo de 10%. Apesar de parecer um investimento atraente, ainda existem incertezas que cercam a empresa.
O próximo anúncio do Planejamento Estratégico 2026-2030 será crucial para entender como a Petrobras pretende avançar em sua estratégia e até que ponto as recentes declarações da administração se refletirão em ações concretas. O cenário atual é de cautela, e as análises de mercado sugerem que a companhia precisa demonstrar um compromisso claro com sua estratégia para conquistar a confiança dos investidores.