Na terça-feira, a comissão mista do Congresso Nacional avançou de forma significativa ao aprovar o relatório sobre a Medida Provisória 1.303/2025. Uma das principais mudanças propostas é o aumento da alíquota do Imposto de Renda (IR) aplicado aos retornos classificados como Juros sobre Capital Próprio (JCP). Essa alteração elevará o imposto de 15% para 18%, representando uma mudança considerável na política fiscal que pode ter amplas implicações para os investidores.
O relatório, apresentado pelo deputado Carlos Zarattini, do Partido dos Trabalhadores (PT-SP), passou por revisões de última hora na comissão. Além das mudanças relacionadas ao JCP, os membros da comissão decidiram padronizar a alíquota em 18% para diversos investimentos, abrangendo tanto renda fixa quanto ganhos de capital em ações.
Index du contenu:
Principais características da nova estrutura tributária
O governo inicialmente pretendia elevar a alíquota do JCP para 20%. Contudo, após negociações lideradas pelo senador Eduardo Braga, do MDB (AM), um compromisso foi alcançado para fixar a taxa em 18%. Essa decisão alinha a alíquota do JCP à de outros investimentos financeiros, promovendo uma abordagem de tributação mais uniforme.
Preservação dos incentivos ao investimento
Apesar das mudanças, o governo optou por manter isenções sobre certos instrumentos financeiros, incluindo LCI (Letra de Crédito Imobiliário), LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) e outros veículos de investimento. Essa decisão foi tomada em resposta à pressão de representantes dos setores rural e produtivo, garantindo que essas opções de investimento permaneçam atraentes para os investidores.
Braga descreveu a nova estrutura tributária como moderada, enfatizando sua capacidade de manter a sustentabilidade fiscal sem impactar negativamente o mercado. Ele afirmou: “Essa proposta é equilibrada e garante que o ambiente de negócios permaneça intacto, enquanto proporciona a receita necessária para o governo.”
Implicações potenciais das mudanças
As alterações são esperadas para gerar uma receita substancial para o governo, com estimativas sugerindo um aumento de mais de R$ 17 bilhões no primeiro ano de implementação, programada para começar em 2026. Zarattini expressou otimismo sobre os efeitos a longo prazo da alíquota unificada de 18%, afirmando que isso compensará a redução no JCP.
Próximos passos para a proposta
O relatório, que recebeu uma aprovação apertada de 13 a 12 votos dentro da comissão, está pronto para avançar para as etapas de votação na Câmara dos Deputados e no Senado. É crucial que a medida seja aprovada até quarta-feira, caso contrário, as mudanças propostas perderão sua eficácia.
Essas novas regulamentações sinalizam uma mudança notável na paisagem fiscal do Brasil, potencialmente reformulando a forma como os investimentos são tratados e tributados. A abordagem do governo de manter isenções para certos instrumentos enquanto ajusta as alíquotas reflete um esforço estratégico para equilibrar a geração de receita com os interesses dos investidores.