No atual contexto da segurança pública no Brasil, as discussões sobre o projeto antifacção têm gerado debates acalorados. O secretário nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo, manifestou sua insatisfação com as recentes alterações no projeto. Segundo ele, essas mudanças não atendem às necessidades urgentes de uma política eficaz no combate ao crime organizado.
O projeto, que passou por diversas modificações na Câmara dos Deputados, suscita a impressão de que as soluções propostas podem ser mais populistas do que verdadeiramente eficazes. Sarrubbo defende que, em vez de apenas aumentar as penas, é fundamental implementar estratégias que utilizem inteligência policial e ocupação territorial. Essas abordagens são essenciais para impactar de forma significativa as organizações criminosas.
Críticas ao relator e à abordagem do projeto
No evento que discutiu o impacto do crime organizado em São Paulo, o deputado Sarrubbo criticou a escolha de Guilherme Derrite como relator do projeto antifacção. Segundo Sarrubbo, Derrite demonstrou um enfoque mais político do que na segurança pública, tratando o projeto de maneira superficial e com uma visão populista. Para Sarrubbo, a segurança pública exige uma abordagem técnica e fundamentada, ao invés de iniciativas que busquem apenas agradar a opinião pública.
A importância da inteligência e ocupação territorial
O secretário destacou que o combate ao crime organizado deve ir além do aumento das penas. É crucial desarticular as estruturas que sustentam essas facções. Ele observa que a expansão do crime organizado está diretamente ligada à ausência de uma política nacional de segurança pública clara e eficaz. Para Sarrubbo, o foco deve ser em ações de prevenção e repressão que integrem inteligência e uma presença constante do Estado nas áreas afetadas.
Adicionalmente, Sarrubbo enfatizou que o texto aprovado na Câmara retirou recursos significativos da Polícia Federal, o que pode resultar em uma perda estimada de cerca de R$ 360 milhões anuais. Apesar disso, ele se mostrou otimista em relação à atuação do relator no Senado, Alessandro Vieira, que já se comprometeu a batalhar pela manutenção dos recursos necessários para o funcionamento da PF.
Histórico de falhas nas operações contra o crime
O secretário de Segurança Pública criticou as operações policiais recentes, especialmente a abordagem de confronto direto com facções criminosas. Ele destacou a operação realizada no Rio de Janeiro, que resultou em um número alarmante de mortes. Para ele, a estratégia atual de combate ao crime é ultrapassada e ineficaz.
Sarrubbo defende que o modelo atual de segurança pública falha ao priorizar prisões em massa, sem um investimento significativo em inteligência policial. Isso impede a identificação de líderes e o desmantelamento das organizações criminosas. Ele ilustrou essa questão com a metáfora de matar formiguinhas, em vez de atacar a formiga rainha, que representa as figuras centrais do crime organizado.
Exemplos de sucesso na abordagem de combate ao crime
No contexto da segurança pública, Sarrubbo destacou operações bem-sucedidas, como a Operação Carbono Oculto. Esta ação atingiu o cerne financeiro das organizações criminosas, evitando o uso da violência. O caso exemplifica como a colaboração entre diferentes forças policiais pode resultar em intervenções eficazes, sem a necessidade de confrontos armados.
O secretário enfatiza que um trabalho integrado, envolvendo diversas esferas do governo, é crucial para transformar a realidade da segurança pública no Brasil. Ele citou um projeto de intervenção em Natal, onde foram realizadas prisões sem disparos. Isso demonstra que é possível alcançar resultados positivos por meio de estratégias inteligentes e menos agressivas.
Desafios Futuras na Segurança Pública
Em meio a essa realidade, Mário Sarrubbo expressa preocupação com o futuro da segurança pública no Brasil. Ele argumenta que a atual legislação sobre facções criminosas necessita de revisão, incorporando lições aprendidas e experiências de operações bem-sucedidas ao longo dos anos. A prioridade deve ser desarticular as facções e promover a paz nas comunidades afetadas.
A crítica de Sarrubbo ao projeto antifacção ressalta a necessidade de refletir sobre as estratégias que o Brasil pode adotar para combater efetivamente o crime organizado. É essencial priorizar não apenas a repressão, mas também a prevenção e a educação como pilares fundamentais de uma política de segurança pública eficaz.
