Em um desdobramento significativo, a Jamaica recebeu US$ 150 milhões por meio de um título de catástrofe (cat bond) organizado pelo Banco Mundial, após a passagem do furacão Melissa. O furacão, que atingiu a ilha no final de outubro, causou danos severos.
O pagamento foi acionado devido ao cumprimento de critérios estipulados no contrato, incluindo a velocidade dos ventos e os danos observados.
Com uma validade de três anos, o cat bond foi estruturado em colaboração com o Centre for Research in International Finance (CRIF) e o Global Risk Financing Facility (GRiF). Este fundo, gerido pelo Banco Mundial em parceria com países do G7, tem como objetivo fortalecer a resiliência financeira de nações propensas a desastres climáticos.
Objetivos e estratégias do governo jamaicano
A emissão deste título de catástrofe faz parte de uma estratégia mais ampla do governo jamaicano para reduzir a dependência de empréstimos emergenciais e promover o uso de mecanismos de seguro paramétrico. Nesse sistema, os pagamentos são realizados automaticamente uma vez que certos parâmetros físicos, como a intensidade do vento ou a quantidade de chuva, sejam atingidos.
A importância do cat bond
O ministro das Finanças da Jamaica, Nigel Clarke, destacou que a ativação deste título ilustra a eficácia de ferramentas financeiras inovadoras, permitindo uma resposta rápida a desastres naturais e protegendo a estabilidade fiscal do país. Este tipo de financiamento é crucial em um cenário onde a Jamaica enfrenta uma das piores crises naturais de sua história recente.
Embora os US$ 150 milhões possam parecer modestos em comparação com as perdas totais estimadas entre US$ 48 bilhões e US$ 52 bilhões, essa quantia representa um alívio financeiro imediato. Um porta-voz do Banco Mundial explicou que esses recursos ajudarão o governo a reconstruir infraestrutura essencial, como estradas, hospitais e escolas, sem a necessidade de se endividar ainda mais.
Impacto do furacão Melissa
Classificado como um furacão de categoria 5, o furacão Melissa causou destruição em larga escala, afetando residências, infraestrutura portuária e energética, e interrompendo a atividade turística, vital para a economia jamaicana. Segundo informações da Reuters, o furacão resultou na morte de pelo menos 50 pessoas em todo o Caribe, e a recuperação da ilha poderá levar anos.
Desafios das finanças climáticas
Especialistas em finanças climáticas destacam que existe uma lacuna significativa entre a cobertura de seguros e os danos reais causados por desastres naturais, indicando um descompasso entre o avanço da finança climática e a intensidade dos eventos extremos. O economista climático Peter Newman enfatizou que, embora instrumentos como o cat bond sejam vitais, eles não são suficientes para enfrentar a magnitude das mudanças climáticas em curso.
A experiência da Jamaica pode servir de exemplo para outras nações vulneráveis. De acordo com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o mercado global de cat bonds deve ultrapassar US$ 50 bilhões até 2026, à medida que mais países buscam alternativas de financiamento em resposta ao aumento da frequência de desastres climáticos.
