Recentemente, o Congresso Brasileiro tem analisado a Medida Provisória 1.303/2025, que promete trazer mudanças significativas ao regime dos fundos de investimento imobiliário (FIIs) e dos fundos agropecuários (Fiagros). Embora a medida aborde diversos aspectos críticos desses veículos de investimento, ela também mantém isenções fiscais importantes que os tornam atraentes para investidores individuais.
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Isenções fiscais essenciais mantidas
O relator, Carlos Zarattini, do Partido dos Trabalhadores, apresentou um relatório que preserva isenções fiscais vitais sobre receitas internas, como rendas de aluguel, investimentos financeiros e retornos de outros fundos.
Além disso, as distribuições feitas aos acionistas dos fundos continuarão isentas de impostos, desde que cumpram critérios estabelecidos: um mínimo de 100 investidores, um limite de 10% de participação por investidor e uma distribuição diversificada entre os investidores individuais.
Impacto na confiança dos investidores
Esta atualização elimina a exigência anteriormente controversa de distinguir entre ações antigas e novas com base na responsabilidade tributária. Essa questão gerou preocupações entre os investidores quanto a possíveis encargos fiscais sobre as novas ações. André Bacci, um investidor experiente e ex-banqueiro, destaca que a remoção dessa diferenciação restaura um senso de estabilidade. “Inicialmente, havia discussões sobre tributar as novas ações de maneira diferente. Agora, essa preocupação é irrelevante, pois todas as ações permanecem isentas de impostos”, explicou durante uma discussão no programa Liga de FIIs.
Ajustes na taxa de impostos e suas implicações
Uma mudança significativa é a redução da taxa de imposto sobre ganhos de capital, que passa de 20% para 17,5%. Embora a medida não mencione explicitamente tipos específicos de fundos, como FI-Infra e FIP-IEs, acredita-se que eles possam se beneficiar de uma lógica tributária semelhante. Essa alteração pode aumentar a atratividade desses fundos, tornando-os uma opção mais interessante para investidores.
Flexibilidade na gestão de fundos
A mudança mais significativa trazida pela Medida Provisória é a alteração do regime de distribuição. A exigência de que os fundos distribuam pelo menos 95% de seus lucros em dinheiro foi suspensa, permitindo uma transição para um regime de competência na contabilidade financeira. Essa alteração abre novas oportunidades para os gestores de fundos reterem lucros, proporcionando-lhes maior flexibilidade para realocar capital ou formar reservas.
Embora essa flexibilidade possa capacitar os gestores a se adaptarem às condições do mercado, ela também introduz um certo grau de incerteza para os investidores, que geralmente buscam fluxos de renda consistentes. Bacci sugere que essa mudança pode levar a estratégias divergentes entre diferentes gestores de fundos. Alguns podem continuar a distribuir perto do lucro máximo permitido para atender às expectativas dos investidores, enquanto outros podem focar na retenção de lucros para aproveitar oportunidades de investimento futuras. “Os gestores geralmente preferem distribuir dividendos. No entanto, o novo quadro permite uma abordagem mais ampla, onde os fundos podem priorizar o retorno total em vez de se concentrarem apenas no fluxo de caixa imediato”, observou.
Oportunidades em um mercado em transformação
Marx Gonçalves, analista e apresentador da Liga de FIIs, destaca que essa nova flexibilidade pode ser vantajosa, especialmente em períodos de acesso restrito ao mercado para captação de recursos. Ao manter parte da receita, os gestores podem financiar aquisições ou fortalecer suas carteiras de forma estratégica. Essa adaptabilidade pode aumentar a resiliência geral dos fundos em condições de mercado voláteis.
Perspectivas Futuras para os Fundos
As discussões em torno da Medida Provisória 1.303/2025 indicam um período de transformação para os veículos de investimento imobiliário no Brasil. À medida que o mercado evolui, tanto investidores quanto gestores de fundos precisarão se adaptar a essas mudanças para maximizar as oportunidades. O debate contínuo em programas como a Liga de FIIs oferece insights valiosos sobre como esses ajustes podem influenciar as estratégias e resultados de investimento no futuro.
Para uma compreensão mais aprofundada desses desenvolvimentos, os espectadores são convidados a assistir à entrevista completa com André Bacci no episódio desta semana da Liga de FIIs, que vai ao ar todas as quartas-feiras, às 18h, no canal InfoMoney no YouTube. Episódios anteriores também estão disponíveis para um contexto adicional.