Em um desenvolvimento significativo para aqueles afetados pelo colapso da FTX, o patrimônio da agora extinta exchange de criptomoedas anunciou sua intenção de devolver US$ 1,6 bilhão a um grupo de credores, começando em 30 de setembro de 2025.
Essa iniciativa faz parte de uma estratégia de recuperação mais ampla após a queda financeira substancial da exchange em 2022, que deixou cerca de 10,8 milhões de vítimas, incluindo muitos brasileiros, enfrentando perdas consideráveis.
Plano e Processo de Distribuição
O anúncio esclarece que os credores receberão entre 78% e 120% de seus investimentos originais, conforme estipulado no plano de recuperação. Esta é a terceira fase da distribuição de fundos, que beneficiará quatro grupos distintos de credores. Os pagamentos serão realizados por meio de exchanges de criptomoedas respeitáveis, como Bitgo e Kraken, além da empresa de serviços financeiros Payoneer.
Elegibilidade e Acesso aos Fundos
Os credores elegíveis são incentivados a utilizar o Portal do Cliente FTX para registrar e vincular suas contas a uma das plataformas mencionadas, facilitando assim os seus saques. De acordo com a declaração da administração, aqueles que atendem aos critérios devem esperar receber seus fundos dentro de 1 a 3 dias úteis a partir da data de distribuição programada. Datas futuras de pagamento e detalhes de registro serão comunicados assim que estiverem disponíveis.
Contexto da Queda da FTX
A FTX, que foi considerada a segunda maior plataforma de criptomoedas do mundo, enfrentou sua queda no final de 2022, em meio a revelações alarmantes sobre suas práticas financeiras. Investigações mostraram que uma parte significativa do balanço da empresa era composta por ativos ilíquidos, gerando sérias preocupações entre os investidores.
Como consequência direta da queda da FTX, o mercado de criptomoedas entrou em uma de suas crises mais severas, com cerca de 135.000 brasileiros reportando perdas financeiras. Este incidente tornou-se um símbolo dos riscos inerentes ao setor de criptomoedas.
Consequências Legais e Mudanças na Liderança
O fundador da FTX, Sam Bankman-Fried, que anteriormente era considerado uma figura de destaque no universo das criptomoedas, enfrentou sérias consequências por seu papel no colapso da empresa. Em março de 2024, ele foi condenado a 25 anos de prisão por atividades fraudulentas que contribuíram para a impressionante perda de $10 bilhões enfrentada pelos investidores. Sua condenação ressalta a necessidade urgente de maior responsabilidade e supervisão regulatória na indústria de criptomoedas.
Desafios no Mercado de Fundos de Investimento Imobiliário no Brasil
Enquanto a situação da FTX lança um manto de incerteza sobre o universo das criptomoedas, o mercado de fundos de investimento imobiliário (FIIs) no Brasil enfrenta seus próprios desafios. João da Rocha Lima, professor da USP e sócio da Unitas, destaca diversas barreiras estruturais que dificultam o crescimento dos FIIs residenciais no país.
Um dos principais obstáculos reside na mobilidade relativamente baixa dos residentes brasileiros, em comparação com seus semelhantes americanos, onde alugar é frequentemente uma escolha, e não uma necessidade. Lima ressalta que, no Brasil, muitos indivíduos alugam por necessidade, e não como uma decisão de estilo de vida.
Viabilidade Financeira e Dinâmicas de Mercado
De acordo com Lima, a viabilidade financeira de portfólios residenciais continua a levantar dúvidas. Ele observa que os preços de aluguel atualmente praticados no mercado não oferecem retornos atrativos, especialmente quando considerados os altos custos de construção. Suas análises de cinco portfólios residenciais nos últimos três anos mostraram que alcançar um retorno anual de 9%, semelhante ao dos espaços comerciais, é praticamente impossível sem fixar aluguéis em níveis insustentáveis.
Reflexões sobre o Cenário Econômico do Brasil
Em uma análise sobre os desafios econômicos do Brasil, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga descreveu a economia do país como crítica, mas com possibilidades de recuperação, durante uma entrevista em podcast. Fraga destacou que, embora o Brasil não esteja à beira de um colapso iminente, reformas urgentes são imprescindíveis para evitar crises mais profundas.
O ex-presidente enfatizou que o Brasil possui potencial para taxas de crescimento entre 3% e 4% ao ano, desde que ações decisivas sejam implementadas. Ele atribuiu grande parte das dificuldades econômicas do país às altas taxas de juros, que são agravadas por desequilíbrios fiscais e baixas taxas de poupança.
Caminho para a Recuperação
Fraga defende reformas abrangentes para enfrentar esses desafios estruturais. Ele propôs ajustes nos sistemas de previdência, uma ampla reestruturação administrativa e uma reavaliação dos subsídios, fatores que têm contribuído para o aumento das despesas públicas sem os investimentos correspondentes.
Além disso, destacou a importância de abordar questões sociais e institucionais, como a segurança pública e a corrupção—desafios que minam a confiança coletiva e a estabilidade.