Investir no exterior é uma aspiração crescente entre os brasileiros, mas você já parou para pensar nos desafios que essa jornada pode trazer? Durante o painel “Investimentos no exterior” no Anbima Summit, especialistas discutiram as barreiras que dificultam a diversificação internacional.
Entre as questões abordadas, estavam os obstáculos regulatórios, educacionais, cambiais e operacionais. A conversa revelou que, apesar do crescente interesse, muitos investidores ainda enfrentam dificuldades significativas ao tentar alocar recursos fora do Brasil.
Os principais entraves ao investimento internacional
Um dos pontos mais destacados por Alex Lago, head do segmento Ultra High do XP Private Bank, foi a conversibilidade do real. Você sabia que a dificuldade em converter a moeda brasileira para outras divisas não apenas limita a agilidade nas transações, mas também gera insegurança para os investidores? Essa barreira cambial é um fator crucial que impede muitos brasileiros de diversificarem seus portfólios.
Além da conversibilidade, os custos elevados associados à abertura de contas no exterior foram mencionados como um obstáculo significativo. Lago explicou que, enquanto abrir uma conta pessoa física pode apresentar vantagens, muitos clientes do segmento privado precisam recorrer a uma Private Investment Company (PIC), o que acarreta custos adicionais. Esses custos incluem a necessidade de tributaristas e contadores, além de obrigações fiscais e regulatórias, o que pode desestimular potenciais investidores.
A complexidade operacional também foi um tema recorrente. A distância física entre investidores e assessores, a barreira do idioma e a ausência de um extrato consolidado eficiente são fatores que complicam ainda mais a experiência do investidor. Essa falta de comunicação e transparência pode levar a decisões mal informadas e, consequentemente, a perdas financeiras.
Comportamento dos investidores e a falta de conhecimento
Outro ponto crítico levantado no painel foi o comportamento de muitos investidores brasileiros. Você já notou que muitos tendem a replicar os mesmos riscos que enfrentam no Brasil, mesmo ao investir no exterior? Isso se traduz na busca por ativos semelhantes aos disponíveis localmente, como títulos emitidos por grandes empresas. Essa prática pode resultar em uma falta de diversificação e em oportunidades perdidas, uma vez que existem diversos ativos internacionais que poderiam ser vantajosos, mas que permanecem fora do radar dos investidores devido à falta de conhecimento.
Isabella Nunes, head de Sales Brasil no JP Morgan, enfatizou a importância da educação financeira. Mesmo com o aumento do interesse em investimentos internacionais, ainda existe um gap significativo no entendimento sobre os produtos e riscos envolvidos. Essa defasagem educacional é um fator que deve ser abordado com seriedade para capacitar os investidores e permitir que tomem decisões informadas.
Ademais, muitos investidores não percebem que o investimento internacional vai além da questão cambial. A ideia de que é preciso encontrar o “timing” perfeito para investir pode ser enganosa. Na verdade, a melhor estratégia é estar constantemente investindo, independentemente das flutuações cambiais, pois o mercado é volátil e difícil de prever.
A importância da regulação e a evolução do cenário
A evolução das regulamentações também foi um tema discutido no painel. Anna Dutra, sócia e diretora jurídica da Avenue, destacou que, embora tenham ocorrido avanços significativos na regulação do setor, ainda há espaço para melhorias, especialmente no que diz respeito à orientação dos investidores após a abertura de contas no exterior. A regulação pós-venda é crucial para garantir que os investidores recebam o suporte necessário para navegar no complexo mundo dos investimentos internacionais.
Marcelo Barbosa, advogado especialista em Direito Societário do Mercado de Capitais, lembrou que o cenário de investimentos internacionais no Brasil há quase uma década era muito mais limitado. Ele ressaltou que a CVM teve que adotar uma postura reativa para atender à demanda crescente por diversificação e proteção cambial. Essa mudança de cenário reflete um maior interesse e a necessidade de uma infraestrutura regulatória que suporte o crescimento dos investimentos no exterior.
Em conclusão, enquanto os desafios para o investimento internacional são significativos, eles também apresentam oportunidades para os investidores que buscam diversificar seus portfólios. A educação financeira, a compreensão das regulamentações e a busca por aconselhamento adequado são passos essenciais para superar essas barreiras e alcançar o sucesso no mercado global.