A recente queda do bitcoin, atingindo 30% abaixo de seu pico histórico, reacendeu críticas à criptomoeda. A jornalista Merryn Somerset Webb, reconhecida por sua postura cética, argumenta em artigo publicado na Bloomberg que a moeda digital pode estar se assemelhando a uma tulipa digital, em oposição à sua imagem como ouro digital.
Esse cenário é alarmante para os entusiastas do bitcoin. Atualmente, a moeda está cotada em cerca de US$ 90.000, refletindo uma queda de 5% desde o início do ano.
Este ano, que inicialmente prometia ser um dos melhores da história, foi impulsionado por cortes nas taxas de juros e outros fatores macroeconômicos.
Index du contenu:
A crítica fundamentada de Somerset Webb
No seu artigo, Somerset Webb questiona as causas da queda acentuada recente no mercado. Ela sugere que esse fenômeno pode ser uma simples realização de lucros ou resultado de declarações mais rigorosas do Federal Reserve (Fed). Além disso, Webb menciona o medo relacionado à computação quântica, que poderia ameaçar a segurança das criptomoedas. Outro fator influente destacado é a pressão sobre as estratégias de investimento, provocada pelo aumento das taxas de juros no Japão.
O valor intrínseco do bitcoin
De acordo com a jornalista, o bitcoin parece estar atrelado a narrativas que não refletem seu valor real, uma vez que não gera fluxo de caixa. Webb sugere que isso pode indicar que o mercado começa a perceber que o valor intrínseco do bitcoin é menos sólido do que os seus defensores acreditam. Ela opina que a moeda pode estar se aproximando de um valor justo — que, segundo sua análise, poderia até chegar a zero.
Comparações com a bolha das tulipas
As críticas de Webb não são novas. Em 2018, ela já havia comparado o bitcoin a uma bolha especulativa, especialmente quando a moeda viu sua cotação despencar de US$ 19.666 para US$ 9.222. Desde então, o valor do bitcoin cresceu 850%, mas sua visão permanece inalterada, refletindo uma crítica contínua ao que considera ser uma especulação infundada.
Resistência do bitcoin ao longo do tempo
Por outro lado, Eric Balchunas, defensor do bitcoin e colaborador da Bloomberg, refuta as comparações com a bolha das tulipas. Ele argumenta que a criptomoeda demonstra uma resistência notável. Ao contrário das tulipas, que passaram por uma ascensão e queda abruptas em um curto espaço, o bitcoin já enfrentou diversas quedas significativas e conseguiu se recuperar, atingindo novas máximas ao longo de seus 17 anos de existência.
Balchunas também ressalta que, apesar das flutuações, o bitcoin permanece cerca de 250% acima de seu valor de três anos atrás. Ele ainda destaca que, no ano anterior, a criptomoeda registrou um crescimento de 122%. Para ele, a atual queda pode ser encarada como uma correção natural após anos de crescimento acelerado, e não deve ser vista como um sinal de colapso iminente.
A perspectiva de um futuro incerto
O debate sobre o futuro do bitcoin tem gerado intensas divisões entre especialistas. Enquanto alguns, como Somerset Webb, consideram a criptomoeda uma bolha prestes a estourar, outros defendem que a volatilidade é apenas parte de um ciclo normal do mercado. A Grayscale, por sua vez, argumenta que correções de 30% são comuns em períodos de alta, sugerindo que o mercado ainda dispõe de potencial para crescimento e recuperação.
Essa comparação entre o bitcoin e as tulipas digitais nos leva a refletir sobre o valor percebido e o valor real das criptomoedas. A ausência de um modelo de avaliação claro, juntamente com o comportamento especulativo dos investidores, contribui para a incerteza em torno do futuro do bitcoin. Contudo, a resistência histórica da moeda pode ser um indicativo de que ainda existe esperança para os otimistas.
