Nas recentes discussões sobre a trajetória econômica do Brasil, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga expressou preocupações significativas quanto à capacidade do país de alcançar um crescimento sustentável. Ele argumenta que o Brasil está longe de estabelecer um caminho de crescimento estável, ressaltando que a noção de austeridade fiscal no país é, em grande parte, um equívoco.
A perspectiva de Fraga destaca um problema crítico: o aumento do gasto público.
Ele observa que, enquanto a narrativa sugere um compromisso com a austeridade, a realidade mostra um crescimento do gasto público de 25% para 34% do PIB. Esse aumento, por sua vez, resultou em taxas de juros mais altas, à medida que o país enfrenta crescentes pressões fiscais.
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A Importância da Responsabilidade Fiscal
Fraga afirma que, para que o Brasil se alinhe às tendências de produtividade global e evite mais décadas de estagnação, é imprescindível melhorar seu ambiente fiscal e institucional. Ele aponta que, se houver sinais de progresso nessas áreas, isso poderia catalisar uma resposta rápida do mercado.
Dinâmica de Mercado e Potencial de Crescimento
Segundo Fraga, o mercado opera de forma dinâmica; à medida que as condições melhoram, os preços dos ativos sobem, incentivando investimentos. Ele declarou: “O mercado funciona no tempo contínuo. Quando as coisas estão melhorando, observamos um aumento nos preços dos ativos e, consequentemente, os níveis de investimento aumentam, permitindo que o Brasil embarque no trem da produtividade global.” Esse otimismo depende da ideia de que uma governança eficaz e políticas fiscais sólidas podem criar um ambiente propício ao crescimento.
Apesar dos desafios, há espaço para esperança. O Brasil tem avançado na implementação de reformas significativas, incluindo mudanças nas leis trabalhistas, sistema previdenciário e tributação, além de fortalecer a independência do Banco Central. No entanto, Fraga adverte que a polarização política em curso representa uma ameaça ao avanço futuro.
Os Riscos da Polarização Política
Fraga expressou preocupação com o crescente grau de divisão política no país, que ele acredita poder minar os ganhos econômicos potenciais. Ele afirmou: “Se o clima político continuar hiperpolarizado e míope, corremos o risco de afundar ainda mais na turbulência econômica.” Ele defende uma abordagem política centrista que poderia facilitar a aprovação de reformas essenciais.
Governança Colaborativa para Reformas
A visão de Fraga para o Brasil inclui um apelo por uma frente política mais unida, sugerindo que, se as facções centristas ganharem influência, mudanças legislativas significativas podem surgir. “Ninguém é ingênuo. Se conseguirmos aproveitar esse poder político central e instilar um senso de responsabilidade, veremos o Congresso respondendo positivamente, permitindo uma série de reformas transformadoras,” explicou.
Ao discutir a relação entre inflação e taxas de juros, Fraga reiterou que alcançar taxas de inflação mais baixas depende da implementação de um quadro fiscal equilibrado. Ele observou que a economia tende a desacelerar devido às incertezas e às taxas de juros. “Sem estabilidade fiscal, uma queda nas taxas de juros é irrealista. A situação atual não pode persistir indefinidamente,” alertou.
Implicações da Dominância Fiscal
Um risco significativo que Fraga destacou é o fenômeno da dominância fiscal. Isso ocorre quando a política monetária perde sua eficácia devido a desequilíbrios nas finanças públicas. Ele alertou: “Em algum momento, as ferramentas do Banco Central se tornam ineficazes quando os investidores buscam se afastar da moeda local. Estamos à beira de um desastre econômico versus uma potencial prosperidade.”
Fraga concluiu lembrando que nenhuma nação conseguiu manter crescimento econômico enquanto simultaneamente adotava uma política monetária restritiva ao lado de medidas fiscais expansivas. “Não devemos esperar um resultado diferente no Brasil,” resumiu de forma sucinta.
