Num mundo cada vez mais agitado, onde os conflitos parecem não ter fim, o mercado financeiro frequentemente reflete uma cautela generalizada. E você, já parou para pensar para onde os investidores têm olhado em tempos de incerteza? A resposta é simples: muitos se refugiam em ativos considerados seguros, como o ouro e o dólar. No entanto, há um setor que se destaca positivamente em meio a esse caos: o de defesa e aeroespacial.
Os dados que temos mostram que, enquanto muitos índices enfrentam dificuldades, os ETFs (fundos de índice) relacionados a empresas desse setor podem apresentar resultados realmente expressivos.
Desempenho do setor em tempos de crise
Em períodos de tensão geopolítica, como os atuais conflitos entre Rússia e Ucrânia, o aumento dos orçamentos militares se torna quase uma certeza. Arthur Barbosa, analista da Aware Investments, afirma que esse crescimento nos gastos, combinado com a previsibilidade dos contratos governamentais, tende a favorecer o desempenho do setor de defesa a longo prazo. E não é para menos: em um ano repleto de incertezas, alguns ETFs especializados em defesa registraram aumentos impressionantes, chegando a até 78%, superando até mesmo o S&P 500 e o ouro.
Um exemplo claro dessa tendência é a recente decisão da OTAN de aumentar os gastos com defesa para 5% do PIB até 2035. Essa decisão não é isolada; governos de diversas partes do mundo estão ampliando seus orçamentos. E não para por aí! O capital de risco também está fluindo para startups de defesa, com investimentos que já ultrapassaram os US$ 2,2 bilhões em 2024, um crescimento notável em comparação ao ano anterior. Esses dados nos mostram que, mesmo em tempos de tensão, o setor de defesa se posiciona como uma opção atraente para os investidores.
Oportunidades e riscos dos ETFs de defesa
Os ETFs temáticos, também conhecidos como “ETFs de guerra”, oferecem uma forma prática de se expor a tendências emergentes, como explica Cauê Mançanares, CEO da Investo. Com características como transparência e diversificação, esses produtos atraem investidores que buscam capturar os movimentos estruturais da economia global. Mas atenção: é essencial estar ciente dos riscos envolvidos. A volatilidade associada a eventos geopolíticos e a ciclos orçamentários pode ser intensa, exigindo que os investidores tenham um perfil mais arrojado.
Barbosa destaca que, embora os ETFs de defesa possam oferecer receitas mais previsíveis, devido à presença de contratos públicos, eles também estão sujeitos a flutuações significativas em momentos de mudanças abruptas no cenário geopolítico. Além disso, a concentração em poucos setores pode limitar a diversificação, um aspecto que deve ser cuidadosamente considerado antes de investir nesse segmento.
Considerações éticas e futuras direções
A discussão sobre investir no setor de defesa vai muito além das métricas financeiras. Esse setor frequentemente é alvo de debates sobre impactos humanitários, o que pode afastar investidores que priorizam critérios ESG (ambientais, sociais e de governança). Assim, é fundamental que cada investidor avalie suas próprias convicções éticas ao considerar a alocação de recursos nesse mercado.
À medida que os conflitos globais continuam a moldar a economia, a análise cuidadosa dos dados e das tendências se torna cada vez mais essencial. O potencial de crescimento do setor de defesa e aeroespacial, impulsionado por orçamentos militares crescentes e um cenário de incerteza, oferece oportunidades significativas, mas também exige um entendimento profundo dos riscos envolvidos. Investidores informados podem encontrar maneiras de se posicionar estrategicamente nesse mercado em evolução, sempre com um olhar atento às mudanças geopolíticas e seus impactos.