Nos últimos anos, o agronegócio brasileiro passou por um verdadeiro turbilhão. Após um período de prosperidade entre 2020 e 2022, que trouxe muitos frutos, surgiram também grandes desafios, incluindo um aumento das recuperações judiciais. Mas como é que podemos enfrentar esses obstáculos? A resposta pode estar na diversificação, governança e transparência, que se transformam em antídotos essenciais para a crise de reputação que afeta o setor. Os debates recentes no XP Agro Insights mostram como esses elementos são fundamentais para a recuperação e a resiliência das empresas do agronegócio.
O impacto da crise no agronegócio
Com a inadimplência em alta e um assustador aumento de 138% nos pedidos de recuperação judicial entre 2023 e 2024, o cenário se torna desafiador para investidores e empresários. Mas será que esse pessimismo é tão realista assim? Marx Gonçalves, da XP, acredita que sim, mas com um olhar mais otimista: já existem sinais de recuperação na performance dos fundos de investimento nas cadeias produtivas agroindustriais (Fiagros) para 2025, o que pode indicar uma possível virada no ciclo.
Para quem está atento, isso se traduz em um retorno médio de 22% para os fundos do agronegócio, que agora se mostram mais atrativos, especialmente após uma performance abaixo dos Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) no ano passado. Essa recuperação sugere que, mesmo em tempos difíceis, o agronegócio tem potencial para se reerguer. Mas isso requer uma abordagem estratégica, focada na governança e na diversificação.
Governança e transparência como pilares da recuperação
A governança empresarial e a transparência dos gestores têm sido amplamente discutidas como fatores críticos para a segurança dos investidores. As empresas precisam construir uma estrutura sólida que promova responsabilidade e confiança. Um exemplo de resiliência é a JBS, que atua em 17 países e apresenta uma diversificação significativa em suas linhas de produtos. Essa estratégia permite à empresa navegar pelas oscilações do mercado, como a baixa na carne bovina nos EUA e a alta na Austrália.
Outro caso interessante é o da Cocal, que mostra a importância de adaptar a produção às demandas do mercado. A empresa tem convertido parte de sua produção para maximizar lucros em momentos favoráveis, além de investir em biometano na frota de transporte, demonstrando como está se reinventando para reduzir custos e aumentar a eficiência. Essa capacidade de adaptação é vital para a sobrevivência e o crescimento no setor.
Estratégias práticas para investidores
Se você é um investidor que quer se aprofundar no agronegócio, é fundamental conhecer bem os players do mercado. Flavio Mata, CEO da Agriconnection, destaca a importância de saber quem realmente está fazendo um bom trabalho e quem se comporta de forma aventureira. Conhecer o setor a fundo é a chave para tomar decisões informadas. Isso envolve não só avaliar os números, mas também compreender a capacidade de geração de caixa das empresas, especialmente após um ciclo de crédito fortemente baseado em patrimônio.
A diversificação geográfica e de produtos, aliada a uma governança sólida, são estratégias que podem oferecer segurança ao investidor. Ficar de olho em métricas relevantes, como a performance de mercado e a margem de Ebitda, é essencial para otimizar os investimentos e garantir que as alocações de recursos sejam eficazes. Afinal, quem não quer ver seu investimento florescer mesmo em tempos desafiadores?