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Análise do aumento do crédito privado e suas implicações no Brasil

O mercado de crédito privado no Brasil tem se destacado por resultados expressivos, refletindo um momento de dinamismo e crescimento. Em julho, a captação líquida atingiu R$ 23 bilhões, sendo R$ 14 bilhões atribuídos a fundos isentos. Esses números não apenas indicam a entrada consistente de recursos, mas também consolidam o crédito privado como um dos principais motores da indústria de fundos no país.

Cenário Atual do Mercado de Crédito Privado

Segundo Eric Vieira, gestor de renda fixa e crédito privado da XP Asset, o total acumulado em captação de fundos isentos chegou a impressionantes R$ 91 bilhões até agosto, superando o desempenho de 2024. Esse crescimento demonstra o apetite dos investidores por opções que oferecem isenção tributária, especialmente em um ambiente econômico instável.

Durante uma transmissão ao vivo mensal da XP Asset, Vieira destacou a recuperação do mercado primário e a valorização dos títulos públicos e fundos de crédito, impulsionados pelo fechamento das curvas de juros. Isso evidencia que os investidores estão buscando cada vez mais segurança e rentabilidade em suas aplicações, refletindo um comportamento cauteloso e estratégico diante do cenário atual.

Destaques de Performance e Oportunidades Futuras

Entre os fundos que se destacaram, o Super Corporate Lite (1,15%), Super Corporate Top (1,18%) e Super Corporate Plus (1,22%) mostraram resultados superiores ao CDI de 1,16%. No entanto, os fundos isentos, como o XPDB Incentivado a CDI, que apresentou 1,57% no mês, e o XPDB Incentivado Exima B, com 1,67%, foram os grandes protagonistas no cenário de performance.

A demanda por esses instrumentos continua robusta, mesmo com discussões sobre uma possível tributação futura. A interpretação corrente é de que o estoque já emitido deve permanecer isento, o que atrai mais compradores para o mercado. Isso cria um ambiente favorável para novos investimentos, especialmente em setembro, quando surgem oportunidades em mandatos e estruturas de financiamento de curto prazo.

Perspectivas e Riscos no Mercado de Renda Variável

No setor de renda variável, a análise de Milton Sullyvan revela que o agronegócio se apresenta como o segmento mais arriscado, devido à volatilidade das commodities e à alta alavancagem recente. Por outro lado, no espaço multimercado, Bruno Marques identificou o real como um ativo atraente, graças à combinação de um alto carry e baixa volatilidade, além de acompanhar o euro como uma alternativa importante.

Fernando Genta, economista-chefe da XP Asset, alertou sobre os riscos potenciais que o crescimento econômico e o mercado de trabalho podem enfrentar em 2026. Entre esses riscos, destacam-se uma expansão fiscal mais elevada do que o previsto e os efeitos persistentes do aperto monetário, assim como possíveis choques externos, como a desaceleração da economia norte-americana.

Em suma, o crédito privado continua a ganhar espaço e tração no mercado brasileiro, com os fundos isentos liderando a performance. A gestão conservadora adotada por muitos gestores tem se revelado uma estratégia eficaz para mitigar riscos em um cenário de juros altos e volatilidade, enquanto novas oportunidades em infraestrutura emergem como promissoras para o futuro.