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A Revolução Tecnológica nas Facções Criminosas: Novas Dinâmicas e Desafios

No atual cenário brasileiro, as facções criminosas estão passando por uma transformação significativa, impulsionada por inovações tecnológicas. O pesquisador Bruno Paes Manso, do Núcleo de Estudos da Violência da USP, expressou suas preocupações em uma audiência pública da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado. Ele destacou como ferramentas como criptomoedas e a internet via satélite estão permitindo que essas organizações criminosas ampliem suas operações, tanto no Brasil quanto internacionalmente.

Segundo Manso, as facções estão abandonando métodos tradicionais de movimentação financeira em favor de sistemas mais modernos e descentralizados. Essa mudança representa um desafio para as autoridades de segurança pública, que precisam se adaptar a essa nova realidade. As investigações da CPI concentram-se em grupos como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho, que, com raízes em décadas passadas, operam agora com maior eficiência.

A evolução das facções criminosas

Desde a década de 1990, o Brasil testemunhou o surgimento e a evolução de várias facções criminosas. O PCC, fundado em 1992, e o Comando Vermelho, criado em 1979, são exemplos de como essas organizações se adaptam e se expandem. Manso observou que, a partir de 2005, havia apenas quatro facções principais no país, mas esse número cresceu significativamente para cerca de 90 atualmente.

O impacto das tecnologias financeiras

O uso de criptomoedas transformou o cenário financeiro do crime organizado. Manso argumenta que, desde a introdução do bitcoin em 2008, as facções podem movimentar grandes quantias de dinheiro de maneira discreta e rápida. Ele citou um exemplo impressionante: é possível transportar bilhões de dólares em um dispositivo pequeno, como um pen drive, eliminando a necessidade de intermediários financeiros tradicionais, como os doleiros.

Essas transações digitais não apenas facilitam a transferência de grandes valores, mas também criam um mercado paralelo que opera fora das regulamentações convencionais. Isso representa um problema significativo para as autoridades, que precisam encontrar novas maneiras de rastrear e combater essas práticas.

Novas ferramentas para o crime organizado

Além das criptomoedas, outras inovações também têm sido exploradas pelas facções. Manso mencionou o papel das fintechs e das casas de apostas online, que não apenas oferecem novas oportunidades de lavagem de dinheiro, mas também criam uma fachada de legalidade para as operações ilícitas.

A comunicação via satélite e seu impacto

A comunicação na Amazônia, antes dificultada por seu isolamento geográfico, agora se tornou mais acessível graças a tecnologias como o Starlink, uma iniciativa do bilionário Elon Musk. Essa tecnologia permite que criminosos se comuniquem de maneira eficaz, facilitando a coordenação de atividades ilícitas em áreas remotas. Manso destacou que as quadrilhas estão se adaptando rapidamente a essas novas ferramentas, o que representa um desafio adicional para as forças de segurança.

O cenário atual do crime organizado no Brasil é marcado por uma indústria nacionalizada que ganhou acesso ao mercado internacional. Isso exige uma resposta robusta e inovadora das autoridades para lidar com as complexidades do crime digital e organizado. O aumento das atividades ilícitas e a evolução das facções são temas que precisam ser tratados com urgência e seriedade.

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